
O temporal poupou o Complexo Balnear do Lido, deixou a praia Formosa inteira, o passeio da orla marítima do Funchal intacto e o centro comercial Madeira Forum, na

A cidade do Funchal está agora partida em duas metades desiguais – uma muito maior, que fica lá em cima, onde Hermínio Sousa, electricista de 41 anos, está há mais de uma semana a retirar a lama da sua casa, na Serra de Água (Ribeira Brava); outra cá em baixo, no Complexo Balnear do Lido, onde os cli

“Quem apanha o táxi no aeroporto do Funchal vem pela auto-estrada e chega à zona balnear da cidade, nem se dá conta de que o mundo desabou em cima dos mais pobres”, conta o taxista Carlos Andrade Matias. Tudo funciona como antes: os turistas espreguiçam nas esplanadas quando há sol, as lojas de souvenirs vendem bordados da Madeira, jornais estrangeiros e postais com as paisagens que deixaram de existir.
Tudo na mesma O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, está preocupado com a imag

Só que Sarah Perkins quase não se afastou da zona balnear, tal como muitos dos turistas hospedados no Lido. Ficam nos resorts, passeiam nos autocarros panorâmicos que percorrem os trajectos não interditos ao trânsito, vão à baixa espreitar os estragos provocados pelo dilúvio e regressam aos seus quartos de hotéis. “Se tivesse outra idade e mais energia arriscava a subir as montanhas mas, mesmo assim, não sei se iria ceder à minha curiosidade mórbida”, confessa Patrick O’Shea, irlandês de 73 anos.
“Aqui, nesta parte da cidade, só quem quer é que vê a desgraça”, explica, Ramiro Octaviano, recepcionista do Hotel Dorisol, no complexo balnear Lido. A devastação provocada pelo mau tempo na Madeira não está à vista e, para chegar até ela, é necessária alguma preparação física. É preciso subir, descer e voltar atrás num todo-o-terreno quando o caminho está cortado por perigo de derrocadas ou porque as terras desabaram. E há sempre alguns turistas que não têm idade para isso. Usam o seu tempo livre para viajar até aos lugares tropicais e gozam as suas reformas junto ao mar. É isso que procuram. Foi isso que encontraram na Madeira.